Saúde oferece assistência a vítimas de violência

 
 

Desde a infância e adolescência até a fase adulta e idosa, o sexo feminino é o principal alvo da violência, segundo os registros da Secretaria de Saúde do Distrito Federal. O órgão aponta que, apenas em 2018, 76% das notificações de violência – que correspondem a 3.844, de um total de 5.048 – são referentes ao sexo feminino de vítimas residentes ou não no DF e atendidas nas unidades de saúde.

Para atender essas mulheres, que sofrem com a violência, a Saúde oferece o apoio do Programa de Pesquisa, Assistência e Vigilância em Violência (PAV). “São 19 ambulatórios com equipe especializada em acolhimento e atendimento às vítimas e suas famílias”, destacou Fernanda Falcomer, psicóloga e gestora de Políticas Públicas do Nepav.

Fernanda reforçou ser muito importante que a mulher vítima de violência procure atendimento nos serviços de saúde. “Ela terá acesso a medidas preventivas de outras doenças sexualmente transmissíveis, inclusive de gravidez em decorrência de violência sexual, e será encaminhada para atendimento especializado”, ressaltou.


Acesso ao serviço 

A vítima pode ir direto ao PAV. Não é necessário apresentar boletim de ocorrência ou estar em medida de proteção. No local, a pessoa receberá apoio de psicólogos, assistentes sociais, equipe de enfermagem e médica de referência. Entre os serviços oferecidos estão o acolhimento especializado e o atendimento biopsicossocial voltado para a reabilitação e recuperação da saúde física e mental.

“Os agravos decorrentes da violência podem ser muito danosos à saúde da vítima. Além da dela, os familiares também apresentam sofrimento em decorrência desta vivência, com grande potencial traumático”, explicou Falcomer. Segundo ela, a família também pode receber assistência pelo programa.

O trabalho do PAV é realizado em parceria com a Rede de Proteção, Conselhos Tutelares, delegacias especializadas, Ministério Público e esfera judicial. “É importante destacar que todas as unidades de saúde da Secretaria de Saúde podem receber as vítimas de violência. Os casos de urgência podem ser atendidos pelo Samu, nas UPAs e em pronto-socorro hospitalar, principalmente, nos casos de violência sexual”, enfatizou a psicóloga.
 

Quando procurar por ajuda 

Nas situações de violência doméstica, a mulher tem acolhimento garantido não somente quando sofre uma violência física, mas também para as agressões psicológicas, sexual, tortura, econômica e financeira.

“Temos uma preocupação muito grande com as violências psicológicas, as agressões verbais, a manipulação, o excesso de controle e a desqualificação da mulher, que são muito frequentes”, alertou.

De acordo com ela, muitas mulheres não buscam o atendimento na Saúde relacionado a essas intercorrências, as quais também provocam agravos na saúde. “Estar exposta a essas violências psicológicas, constantemente, afeta a autoestima e pode provocar quadros graves de depressão, ansiedade e até tentativas de suicídio”, observou Fernanda.

A psicóloga afirmou que o apoio, nas fases iniciais de um relacionamento abusivo, pode prevenir o aumento do sofrimento físico e mental, bem como o agravamento da agressão. “ A busca por ajuda pode mudar a situação e salvar vidas”, concluiu.
 

Violência no DF

A Secretaria de Saúde acumulou 8.782 notificações de violência, entre os anos de 2017 e 2018, sendo 3.734 em 2017 e 5.048 em 2018, de residentes ou não no DF, no período de janeiro a dezembro, segundo dados parciais de 7/1/2019 do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan/SES-DF).

Em 2018, 76% das notificações de violência (3.844 de 5.048) foram identificadas no sexo feminino. A violência interpessoal compreende 66,3% (3.413 de 5.145) do total dos tipos registrados no DF no mesmo ano. Dentre estes, os mais notificados foram a violência física (1.340), seguida da sexual (1.078), psicológica (572), negligência e abandono (244) e tortura (79).

Também é objeto de notificação e monitoramento a violência autoprovocada, expressa pelo comportamento suicida. Nesta categoria, foram registradas como “outras violências” as lesões autoprovocadas e as tentativas de suicídio, representando 33,7% dos casos (1.732).

Fonte: Secretaria de Saúde do DF