O filósofo se excedeu

 
 
COLUNA POLÍTICA

Por Ronaldo Nóbrega | COLUNA POLÍTICA

Uma discussão totalmente estéril entre o filósofo, Olavo de Carvalho, e o Ministro da Secretaria de Governo, General Santos Cruz, repercutiu (01/04) nas redes sociais. Esse embate nada produz, a não ser desgastes para toda uma equipe que está dentro do campo, paradoxalmente mesmo fora do “time”, ela está empenhada em jogar sua partida histórica para vencer a velha política, a corrupção, a violência banalizada e o projeto das esquerdas com a implantação de uma versão moderna de comunismo no século XXI.

Ambos devem saber que o exército de combate, nunca é o mesmo do de ocupação. Existem os treinados para o “front” e outros em administrar, planejar, discutir e executar as batalhas e seus resultados subsequentes. A importância do filósofo Olavo de Carvalho foi relevante para a construção da candidatura de Bolsonaro à Presidência, principalmente no que se refere a “polir” sua imagem, junto às classes acadêmicas, formadoras de opinião, e que tinham como desígnio abominar os Militares, inspirado na mídia esquerdopata e na doutrinação exercida pelas Universidades Públicas.

O respeito conquistado por Olavo de Carvalho junto aos segmentos que contestavam os erros da esquerda, criou a perspectiva de apoiarem Bolsonaro. Todavia, é bom ressalvar que muitos, durante quase todo o período eleitoral, se envergonhavam de defender publicamente a candidatura do Capitão, e principalmente assumirem seu voto.

Para o General Santos Cruz, a interpretação é outra, vindo da Caserna e de sua instrução: “o problema não é vencer a revolução, é saber o que se fará depois com os “revolucionários”. Nesse sentido, o ex-presidente, Castelo Branco, sofreu isto na pele e foi forçado a usar os atos institucionais para conter os ímpetos de seus próprios correligionários que nele votaram (eleições indiretas de 10/04/1964). Eles queriam se apoderar dos espaços do governo, cada um ditando – não sugerindo – normas e comportamentos.

Os IPMs, Inquéritos Policiais Militares, foram a alternativa encontrada para que Castelo Branco concluísse seu mandato. Juscelino Kubitschek, Carlos Lacerda, Jânio Quadros etc estavam ansiosos pelas eleições de 1965, tentaram engessar a gestão recém instalada. O General Santos Cruz tem a missão de conter a “gula” do parlamento. Nem por isto irá criar um quadro separatista nos poderes, que constitucionalmente são independentes.

É necessário que ambos (Olavo e Santos Cruz) se contenham. Que lavem a roupa suja em casa, evitem expor a “Felipe da Macedônia” que Atenas e Esparta estão em guerra, e se desgastando. O inimigo é outro, que observa e torce pelo “quanto pior, melhor”. O filósofo não precisa desqualificar de forma humilhante o General Santos Cruz, apenas porque ele não leu sua obra. Se para ser cristão, fosse obrigado ler a Bíblia, o seguidores do filho de Maria no Brasil não lotariam um Estádio de Futebol. Por outro lado, Olavo que é jornalista sabe muito bem a maldade da mídia quando quer distorcer um fato. Basta uma vírgula para se criar uma guerra.

Quanto ao combate direto sobre o comunismo do século XXI, o filósofo Olavo de Carvalho historicamente está parecendo o General George Patton, um dos maiores heróis da segunda guerra mundial, que derrotou o notável Marechal Alemão Erwin Von Rommel – conhecido como a “raposa do deserto”, no próprio Saara que o imortalizara até então.

O General Patton teve diversas suspensões disciplinares em sua trajetória de guerra na Europa. Comandou diversas tropas nas incursões à Itália e à França, tomada pelos nazistas, mas sua ansiedade e precipitação provocaram baixas inestimáveis. Mesmo assim, foi o General que entrou em solo nazista e combateu os alemães com veemência. Após invadir Frankfurt e Colônia, na outra margem do rio estavam os Russos. Patton mandou sua artilharia disparar contra seus aliados. Foi contido, afastado do comando porque em sua marcha, queria chegar até Moscou.

Patton, assim como Olavo formam as tropas de combate, portanto são muito eficazes na guerra. Já nos casos de ocupação, quando os conflitos cessam, vem a diplomacia, a burocracia, a colaboração dos vencidos e a garantia da lei e ordem nos territórios ocupados. Essas são tarefas complicadas, enfadonhas e incompreensíveis para os heróis das linhas de frente. O filósofo se excedeu, Santos Cruz o desprezou, ferindo sua vaidade. Que ambos não esqueçam um adágio popular: “o homem é senhor do que cala, e escravo do que fala”.

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