Jó Pereira defende desenvolvimento local para enfrentar mudanças climáticas globais

 
 
Comunicação/ALE

Convidada a palestrar durante a 1ª Conferência Brasileira de Mudança do Clima, realizada na quinta-feira, 7, em Recife - PE, a deputada Jó Pereira (MDB) alertou que o combate a mudança climática global passa, obrigatoriamente, pelo desenvolvimento, em todas as áreas, principalmente na educação, de cada localidade do país, especialmente no Nordeste.

 
“Simultaneamente a tudo que tem que ser feito para que a tragédia global não aconteça, o nosso desenvolvimento local tem que ser prioridade, tem que ter recursos, tecnologias, adaptações e todos os direitos fundamentais a esse desenvolvimento. Não é justo enfrentarmos as consequências já existentes e as previstas, sem esse necessário e estratégico investimento em nosso desenvolvimento”, frisou Jó.


A parlamentar participou, como convidada, do painel “Crise e liderança: como as mulheres estão solucionando os desafios da agenda climática”, juntamente com a deputada federal Joênia Wapichana (Rede - RR), Marcia Lucena (prefeita de Conde - PB) e Marina Barros (Instituto Alzira). A moderadora do painel foi a especialista em clima, Natalie Unterstell, ex-assessora do Ministério do Meio Ambiente.


Direitos fundamentais


“O Brasil está em dívida há anos com relação às comunidades vulneráveis, faltam direitos. É preciso avançar sim no combate a emissão de carbono, mas simultaneamente temos que dar saltos ainda maiores nos direitos fundamentais daqueles que com certeza serão agentes das transformações e adaptações pretendidas”, prosseguiu a deputada, citando alguns trechos da NDC (Contribuição Nacionalmente Determinada), documento com os compromissos de cada parte assumidos no Acordo de Paris, no qual o país se compromete, entre outros pontos, a implementar o NDC “com pleno respeito aos direitos humanos, em particular os direitos das comunidades vulneráveis”.


Jó reforçou a necessidade da revisão da pactuação federativa neste sentido. “É preciso trazer Brasília para a realidade do Brasil, ou temos mais Brasil e menos Brasília ou os vulneráveis ficarão ainda mais vulneráveis, nos grotões desse nosso país continental. Enxurradas e secas serão ainda mais perversas na continuidade desse modelo de desenvolvimento que tem passos pequenos e lentos na educação. Alagoas não merece, o Nordeste não merece, o Brasil precisa ser prioridade em Brasília”.


A parlamentar citou ainda ausência ou a falta de implantação e monitoramento de planos de governo nacionais, estaduais e municipais em todas as esferas, a exemplo do Plano Nacional de Educação, como um dos impeditivos da mudança de cultura em relação à política climática e às questões ambientais em geral, e defendeu a aplicação e o fortalecimento das políticas públicas de estado, dos conselhos, comitês e demais representações da comunidade, na organização coletiva da sociedade.


“Tenho me colocado contrária ao fato dos gestores não utilizarem como instrumento de planejamento, os planos de educação, nacional, estadual e municipal, que são políticas públicas de estado, que perpassam governos. No meu estado, das pessoas que aplicaram agrotóxicos em suas lavouras, quase 86% são agricultores familiares, e a maioria não entendia as instruções, por não saber ler ou apresentar dificuldades de interpretá-las. E pior 91% não tiveram assistência técnica e extensão rural. Ou muda tudo isso, ou não teremos indivíduos locais dando a sua contribuição para as transformações necessárias no quadro das mudanças climáticas”, exemplificou. 


Defendendo o empoderamento das mulheres para enfrentar as mudanças climáticas, a deputada estadual alagoana destacou que a política precisa atuar para mudar a realidade do não cumprimento de prazos e planejamentos. “Temos trabalhado com muitas mulheres nessa direção, através de audiências públicas, diálogos, rodas de conversas, construção de redes e empoderamento das mulheres”, finalizou.