COLEGIADO DEBATE FORTALECIMENTO DO SISTEMA PRODUTIVO DO SISAL

 
 
Agência ALBA

A Comissão de Agricultura e Política Rural da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) realizou, na manhã desta terça-feira (22), uma audiência pública que tratou do sistema produtivo do sisal no Estado. O encontro promovido pelo deputado Osni Cardoso Lula da Silva (PT) reuniu produtores, representantes governamentais e de entidades.

Para Osni, ex-prefeito de Serrinha, cidade mais populosa do Território de Identidade do Sisal, é preciso pensar em um fundo de compensação ambiental para recuperação da região de produção sisaleira. “Esse debate é importante para encaminhar medidas como a adoção de alternativas de mecanização e a busca por soluções que permitam a produção além da fibra”, disse o petista, que defende uma atuação integrada de secretarias estaduais como a de Agricultura (Seagri), Desenvolvimento Rural (SDR) e Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti).

O diretor executivo da Associação de Desenvolvimento Sustentável e Solidário da Região Sisaleira (Apaeb), Ismael Ferreira, lembrou que a cultura do sisal garante a sobrevivência de milhares de pessoas no semiárido baiano e chamou a atenção para a necessidade de apoio governamental aos produtores. O representante da entidade também lembrou que a planta do sisal não é aproveitada em sua integridade e apontou um cenário de queda da produção ao longo dos anos. “No processo produtivo, apenas 5% do sisal é aproveitado. Ou seja, 95% é descartado. Precisamos buscar formas de aumentar esse aproveitamento e o apoio do governo é essencial. Outro ponto importante é que já tivemos 200 mil toneladas produzidas ao ano, mas em 2018 foram apenas 60 mil toneladas”, disse.

Ferreira ainda afirmou que muitas indústrias estão deixando de utilizar a fibra do sisal, optando por produtos sintéticos. O dirigente apontou que a cadeia produtiva do sisal necessita de apoio em questões como desenvolvimento tecnológico, pesquisas, novos usos da fibra, crédito e assistência técnica para pequenos produtores e promoção de políticas públicas para a região sisaleira.

Lívio Azevedo, agente de desenvolvimento do Banco do Nordeste, também compôs a mesa de debate do evento e informou que o órgão possui o Programa de Desenvolvimento Territorial, que reúne um conjunto de estratégias com objetivo de potencializar a competitividade das atividades produtivas regionais, como a construção e implementação de plano de ação e dotação orçamentária para financiamentos. “Metade da produção mundial do sisal está na Bahia. Então, todo esforço que pudermos fazer é importante. A cultura do sisal possui um enorme potencial de desenvolvimento regional”, considerou.

Ivan Fontes, assessor técnico da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), órgão vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), defendeu a formação de um arranjo institucional, reunindo diversas entidades governamentais, no intuito de desenvolver políticas direcionadas para o fortalecimento do sistema produtivo. De acordo com Fontes, a SDR já chegou a prestar a assistência técnica a cerca de 9 mil famílias produtoras de sisal, mas este número sofreu redução ultimamente. Na avaliação do assessor técnico da CAR, entre os pontos a serem aprimorados, estão a recuperação da cultura sisaleira, o replantio de áreas em que as plantas morreram, o aperfeiçoamento da técnica e da qualidade de mudas do sisal, bem como o diálogo com a academia, onde estudos são realizados por pesquisadores.

O coordenador geral da Fundação de Apoio à Agricultura Familiar do Semiárido da Bahia (Fatres), Urbano Carvalho, fez um apelo para que os estudos sejam colocados em prática em prol da melhoria do sistema produtivo do sisal. “Temos que ter preocupação com os produtores que estão lá na base da cadeia produtiva”, disse.

O deputado Eduardo Salles (PP) lembrou que, durante seis anos, período em que esteve à frente da Seagri, deu prioridade à cultura sisaleira. “É uma das mais importantes regiões da Bahia do ponto de vista da sustentabilidade social”, frisou o parlamentar, exemplificando o aproveitamento que é feito do sisal no México, onde 100% é utilizado em diversos produtos. O deputado Tom Araújo (DEM), oriundo da região sisaleira, destacou que não há outra alternativa para a região semiárida a não ser a produção do sisal. “A produção tem caído e precisa de uma solução prática. Por isso, a discussão deve ser suprapartidária”, defendeu. A Fátima Nunes (PT) afirmou que o cultivo do sisal é uma “marca da resistência” na Bahia e parabenizou entidades representativas que lutam pela valorização da cadeia produtiva. O líder da bancada governista na ALBA, deputado Rosemberg Pinto (PT), afirmou que é preciso garantir o acesso do pequeno produtor a investimentos. O petista reforçou a tese de que a discussão do setor entre as secretarias estaduais que tratam do desenvolvimento rural, da agricultura e da tecnologia e inovação ajudará no fortalecimento da produção na Bahia.

Além dos parlamentares mencionados, também estiveram no colegiado os deputados Jacó Lula da Silva (PT), Marquinho Viana (PSB), Maria del Carmen Lula (PT), Pedro Tavares (DEM), Zé Cocá (PP) e Roberto Carlos (PDT).