Alberto Feitosa retoma debate sobre construção de usina nuclear no Estado

 
 
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A possibilidade de construção de uma usina nuclear em Pernambuco voltou a gerar debate no Plenário da Alepe nesta quarta (2). A discussão foi provocada pelo pronunciamento do deputado Alberto Feitosa (SD), que novamente defendeu essa matriz como segura e pouco poluente. Ele apontou, ainda, impactos positivos que o investimento de cerca de R$ 30 bilhões teria na economia do Estado. Outros parlamentares, como Wanderson Florêncio (PSC) e Waldemar Borges (PSB), defenderam prioridade para projetos de geração de energia solar e eólica.

O discurso de Feitosa foi motivado por um artigo do físico Heitor Scalambrini Costa, professor aposentado Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), contrário à construção de uma usina nuclear em Itacuruba (Sertão de Itaparica). Em resposta, o  deputado do SD assegurou que o projeto “é fruto de um longo estudo feito por pessoas renomadas” desde 2010.

Ao ilustrar os impactos econômico do empreendimento, Feitosa o comparou à construção da Central Nuclear de Palo Verde no deserto do Arizona, nos Estados Unidos. Além de gerar 9 mil empregos, teria, segundo ele, convertido a região em um polo de serviços e de tecnologia. “É isso que pode acontecer com o Sertão pernambucano se para lá for uma usina nuclear”, afirmou.

De acordo com o parlamentar, estima-se a arrecadação de R$ 750 milhões por ano em ICMS durante a construção da usina, ao longo de dez anos. “Além de todo o desenvolvimento e a transformação na região, teremos, só de salários, R$ 72 milhões circulando ali e R$ 160 milhões por ano de arrecadação em ISS”, estimou, citando, ainda, a abertura de aeródromos, rodovias, estações de tratamento de água, hotéis, bares e restaurantes.

Em aparte, o deputado Antonio Fernando (PSC) assinalou que a geração de energia pelos parques eólicos do Estado é instável, pois depende de fatores naturais. Disse, ainda, que a necessidade de construção de uma usina de energia elétrica foi defendida, em conversa com ele, pelo presidente da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), Fabio Lopes Alves. “O investimento na usina nuclear é equivalente a todo o Orçamento do Estado. Se a gente perdê-lo, outros vão pegar”, pontuou.

Presidente da Comissão de Meio Ambiente da Alepe, Wanderson Florêncio considerou o projeto temerário. Ele defendeu que o mesmo investimento, caso seja feito em fontes renováveis – como solar, eólica e biomassa –, trará melhores resultados. “O lixo nuclear tem que ser mantido por 10 mil anos, sem contar com possíveis acidentes, que seriam devastadores para o Rio São Francisco”, alertou.

José Queiroz (PDT) também se mostrou cético sobre o tema. Ele lembrou o acidente nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, ocorrido em 1986, e a decisão recente da Alemanha de desligar suas usinas nucleares. “O primeiro mundo também se assusta com os riscos. Precisamos ter a cautela de aprofundar a discussão científica, para não sermos responsáveis por dar aval a algo que, no futuro, possa custar caro à população brasileira e nordestina”, observou.

Feitosa argumentou que, após começar o desligamento das usinas nucleares, a Alemanha tornou-se importadora de energia de França e Rússia. Avaliou, ainda, que a tecnologia hoje é superior à de quando foi construída a usina de Chernobyl, reduzindo o risco de acidentes. Ao fazer referência ao acidente nuclear de Fukushima (Japão), ocorrido em 2011, afirmou que as causas (terremoto seguido de tsunami) teriam consequências possivelmente maiores sobre barragens de uma hidrelétrica, como uma ruptura.

O deputado Fabrizio Ferraz (PHS) defendeu que se discuta ponto a ponto com os moradores da região, e se respeite a decisão deles. Relator, na Comissão de Justiça, da proposta que muda a Constituição do Estado ( PEC nº 9/2019) a fim de retirar o veto atual à construção de usinas nucleares, João Paulo (PCdoB) assinalou que os benefícios do empreendimento podem não alcançar a maioria da população. Também sustentou que o impacto em áreas indígenas precisa ser considerado. Já Waldemar Borges defendeu que a luta seja pela ampliação de investimentos em energia solar fotovoltáica.